Quero fazer o meu apelo
A todas as mães do mundo intero,
Que por seu filho chorou.
Dês de quando ele partiu,
Nunca mais você o viu,
Nem se quer ele voltou.
Este é o dia de todas as mãezinhas,
De outro continente ou Latina,
Independe de raça ou de cor.
Mãe da roça, mãe da cidade,
Mãe de toda a humanidade,
Todas elas sentem amor.Mãe sem terra, desempregada,
Você não é reconhecida.
Este é o grande problema
E por causa deste sistema,
Muitas mães perderam a sua vida.
Mamãe, esta historia começou,
E a minha vida terminou,
Neste momento de dor.
Te peço mãe, não fique aflita,Tenha a coragem de nossa mãe bendita,
Que por você mãe, eu sinto um grande amor.
As noticias são ruim,
Por favor mãe reze por mim,
Pra Deus me abençoar.
O meu sonho mal começou
E aqui mesmo terminou,
De poder um dia, minha vida melhorar.
Minha mão está tremendo,
A senhora está vendo,
Que mal posso te escrever.
Te peço, nessa carta ensangüentada,
Minha mãe não fique zangada
Por não poder mais me ver.
Aqui em Eldorado dos Carajás,
Aonde eu vim me acampar,
Na luta pelo direito á terra.
Com crueldade nos atacaram,
Eu vi mãe! Muitos companheiros tombarem,
Neste intenso clima de guerra.
Esta terra não foi desapropriada,
Jogaram todo o povo na estrada,Assim não é Reforma Agrária.
Mãe ao invés da terra e do pão,
Massacraram nossos irmãos,
E se orgulham, que venceram a batalha.
Mãe não quero perder minha vida,
Por esta bala a mim conduzida,
Sem mesmo conseguir voltar.
Não posso mais estar contigo,
Por causa destes bandidos,
Que vieram para nos matar.
Mãe estou escrevendo deitado,
Por uma bala atravessado,
Sei que vou morrer agora.
Meu sentimento é profundo,
Não quero partir deste mundo,
Eu compreendo, aqui é meu fim!
Pois, forçaram a minha hora.
Compreende minha mãezinha,
Vou ter que te deixar sozinha,
Fique com a benção de nossa senhora.
Nesta real cena de terror,
Gritos e gemidos de dor,
Muito trabalhador morreu.
Fomos todos metralhados,
Pois, deste seu filho amado,
Só te resta mãe, o meu ultimo adeus.
Meu pedaço de terra, já está segura,
É onde vão fazer minha sepultura,
Em um profundo lugar silencioso.
Este chão, não conquistei para plantar!
Me deram, apenas para descansar,
No meu ultimo e eterno repouso.
Clairton buffon, Quilombo, Abril de 1996.
Caraaa! eu nao consigo ler sem me arrepiar... é muito profunda!!!
ResponderExcluir